segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fundamentalmente Culpado.

Eu fiz a pergunta, mesmo sabendo que isso me destruiría... eu estava certo. Leio as balas que atravessam meu ego e abalam minha frágil estrutura, entro em um pranto de desespero que dura pouco, eu sinto o jantar voltando a boca e tento correr ao banheiro, mas meu trajeto é impedido pela queda que me apagou por algum tempo. Levanto trêmulo, confuso... minha cabeça dói e antes que eu perceba que minha mão está coberta de vômito eu a levo ao rosto... vomito novamente. Tento entrar no chuveiro e lavao a cabeça, esquecendo me de tirar a roupa, sinto me um retardado quando estou nesse estado. Saio rapidamente do banho, sinto como se tivesse bebido tudo o que eu podia (quem dera o fosse), volto ao ínicio disso tudo, há mais algumas palavras escritas, eu tento ler, mas não consigo, tento responder, mas nâo consigo me lembrar o que aconteceu, subo as escadas, tropeço e caio novamente. Durmo.
Hoje eu acordei com o vermelho abafado da minha janela sufocando minha respiração. Levantei desorientado e abri as cortinas e o vidro... mal sinto o ar entrar. O sol não ardeu em meus olhos,ao menos não o senti. Entro no chuveiro, mas a água não me limpa, saio e me seco, me olho no espelho e percebo a barba que há dias está por fazer, algumas poucas espinhas e palidez.Quanto tempo se passou desde ontem? Foi realmente ontem? Mal consigo me lembrar. Mas a dor na cabeça me confirma que fora recente o ocorrido. Sinto a barriga vazia, ainda enjoado, tento por algo no estômago, mas como o esperado, não permaneceu por muito tempo lá, corro ao banheiro mas não chego a tempo de me privar de um banho de fluidos ácidos. Outro banho, mas a sujeira permanece impregnada em mim, eu não sinto raiva, não sinto nojo, não sinto saudade, não sinto medo, não me sinto... tudo se foi, mas não estou em outro "coma branco", tenho plena consciência de todos os fatos, que se passam cada vez mais nítidos e de forma exagerada em minha mente fértil. Sim, sou muito egocêntrico. Mas o que eu esperava também? Era inevitável. Eu o fiz de forma pior, ou não... depende de quem vê... Mas agora de uma forma bem clara, eu sinto que chegamos onde ninguém mais vai nos tirar. Em meio a sujeira e a ácidos estomacais em camisas brancas, eu vejo que não há mais tempo. E se houvesse, eu estaria pronto pra te dar a mão e morrer sem pensar duas vezes, porque nenhum de nós nos submeteríamos a tanta merda. Fim. Como todo fim não deveria ser. Fim... (?)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Ouro de tolo

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

"What's ever so funny?"

Você passa o dia inteiro forçando esquecer... mostrando pra si mesmo que isso é tudo o que você tem e vai ter (com um pinguinho de esperança lá no fundo dizendo "Pelo menos por enquanto"), passa semanas tentando evitar todo e qualquer pensamento... tentando me adapatar a essa ausência de tudo, tudo... Senti a vontade de marcar "Aponta pra fé e atira" em minha alma, pois não vi mais objetivo em manter qualquer tipo de esperança ... só ouvia as palavras do Brian me dizendo "Get through the night, there are no second chances, this time i might ask the sea for answers/ Give up this fight, there are no second chances...".
Mas então, um telefonema de menos de 15mins já é o bastante pra me estremecer da cabeça aos pés, e tirar todas as tristezas que eu escondi debaixo do tapete... mudando tudo.
E se eu fosse capaz de voltar aos dias do quarto sem janelas, e olhar pra cada uma daquelas quatro paredes onde fizemos parte da nossa história, e dali começar a ver tudo como eu sempre deveria ter visto... o que seríamos hoje? (Só mais um sonho frustrado de mudar o passado, porque no fundo nós sabemos que o futuro me assusta).

"Oh brother I can't, I can't get through
I've been trying hard to reach you
'Cause I don't know what to do
Oh brother I can't believe it's true
I'm so scared about the future
And I wanna talk to you
Oh I wanna talk to you...."